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Trabalhadores com qualificação e em idade produtiva caíram no desalento
Trabalho
11.Fevereiro.2019
A saga da procura por emprego
Desde que o Brasil entrou oficialmente em recessão, em 2014, o desalento - quando o trabalhador desiste de procurar emprego simplesmente por achar que não vai mais conseguir encontrar uma vaga - subiu a pirâmide social. O número de trabalhadores com maior nível de escolaridade que entrou nessa categoria aumentou exponencialmente. No terceiro trimestre do ano passado, o total de pessoas que estudaram por 10 anos ou mais (que é o equivalente a ter ao menos iniciado do o Ensino Médio) e tinham parado de buscar trabalho era de 1,66 milhão, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua. No terceiro trimestre de 2014, esse número era de 394 mil pessoas. Isso quer dizer que mais de 1,27 milhão de trabalhadores bem qualificados, em plena idade produtiva, caíram no desalento de 2014 até setembro do ano passado, pelos números da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), compilados pela consultoria IDados. Em 2012, o primeiro ano da Pnad, os trabalhadores com maior formação eram 26% dos desalentados. Agora, eles já chegam a 35%. O percentual de brasileiros mais escolarizados que desistiram de buscar um emprego começou a crescer em 2015 e avançou sete pontos percentuais em apenas três anos. Segundo especialistas, esse movimento é ruim porque indica que, mesmo as pessoas com maior qualificação, estão pessimistas com o mercado de trabalho. Um dos motivos para esse desânimo é que, na saída da recessão, as vagas de emprego criadas são, em sua maioria, de baixa remuneração, muitas vezes informais - foi isso que sustentou a pequena queda da taxa de desemprego no ano passado. Puxada exatamente pelo aumento da informalidade, a desocupação caiu de 13,1%, no início do ano, para 11,6%, no fim de dezembro. Além disso, como esses trabalhadores que acumularam anos de estudo tinham salários maiores antes do desemprego, quando o desalento chega a esse grupo, a renda familiar é mais prejudicada, analisa Bruno Ottoni, da IDados. "São pessoas mais qualificadas e com um padrão de vida melhor, que desistiram em algum momento de procurar emprego." Por estarem em uma situação mais frágil no mercado de trabalho, ganharem menos e estarem mais sujeitos a perder o emprego, os brasileiros com menor formação ainda são a maioria em situação de desalento, mas a presença deles entre os que desanimaram de procurar uma vaga caiu de 73%, no terceiro trimestre de 2014, para 65% no terceiro trimestre do ano passado. "Cansei de esperar o mercado melhorar", resume a engenheira Adriana Mello, de 28 anos. "Parece que agora está mais fácil de arrumar um emprego, mas só parece. Não voltei a procurar o dia inteiro, como fazia antes, porque as vagas que aparecem têm remuneração de R$ 3 mil, quando o piso é três vezes mais. Querem que você tenha as mesmas responsabilidades de antes, sem ganhar o suficiente." Desde que Adriana perdeu o emprego, em maio do ano passado, ela passou a usar o tempo livre para fazer cursos e melhorar o inglês. Mas as contas, que eram divididas com o marido, pesam mais. "De 2015 para cá, o mercado piorou. Quem ganhava R$ 7 mil, agora topa ganhar R$ 3 mil. E quem pode esperar, aproveita para voltar ao mercado com mais formação." O número de desalentados com maior formação deve cair lentamente, já que, na saída da crise, as vagas que têm surgido são de remuneração mais baixa. "Ele faz parte da força de trabalho potencial", explica o economista Bruno Ottoni, pesquisador da consultoria IDados. "Em geral, o desalento cresce em um mercado de trabalho que não está funcionando direito. E na saída da crise, o número de pessoas nessa situação cresce porque as poucas vagas que reapareceram no mercado agora pagam pouco." Ele lembra que o trabalhador, muitas vezes, acaba preferindo ficar em casa ou começar a fazer algum curso, fica mais ou menos em um compasso de espera até que surjam oportunidades. O engenheiro Diogo Dutra da Silva, de 29 anos, está fora do mercado de trabalho desde a conclusão das obras de um edifício na Zona Leste de São Paulo, em 2017. "Trabalhava em uma construtora que viu as obras rarearem durante a crise. Em 2015, começou a diminuir a quantidade de projetos e o número de funcionários da empresa. Quando o prédio ficou pronto, perdi o emprego." Ele concorda que as vagas que surgiram entre o ano passado e o início de 2019 têm remuneração baixa demais, a ponto de compensar esperar mais um pouco. "Sempre fui de gastar pouco e durante o período de emprego farto, guardei dinheiro. Essa poupança me ajuda agora a não precisar aceitar qualquer vaga que for aparecendo", diz. No final do mês passado, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que os brasileiros que caíram no desalento atingiram média de 4,736 milhões - 13,4% acima de 2017. Nessa conta, entram os que se achavam jovens ou idosos demais, pouco experientes ou acreditavam que não encontrariam uma boa oportunidade de trabalho. "Tem gente que já consegue encontrar o trabalho com carteira assinada mais facilmente do que há alguns meses, mas as condições nem sempre são boas. Se a pessoa pode esperar mais um pouco para conseguir um emprego mais próximo de suas expectativas, ela acaba se virando, conta com as economias ou ajuda de parentes e espera", concorda o economista da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) Eduardo Zylberstajn. A expectativa do economista do Insper Renan de Pieri é de que o País gere mais empregos este ano do que em 2018, quando o desemprego cedeu apenas timidamente, e fechou o último trimestre em 11,6% - ante 13,1% do início do ano passado.

Fonte: Jornal do Comércio

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